Uma jovem abandonada pela mãe, batalhadora que trabalha como bilheteira para sustentar os três irmãos e o pai alcoólatra. Encontra a chance de sua vida ao conhecer um milionário que está com uma doença terminal.
“Maria Mercedes”, segundo remake de “Rina”, telenovela mexicana dos anos 1970 foi a primeira produção da chamada “Trilogia das Marias” a estrear no México em 1992. Idealizada pelo produtor Valentín Pimstein como veículo para atrizes como Victoria Ruffo (“A Madrasta”) e Lucero (“Chispita”), que recusaram o convite, o papel da jovem bilheteira foi parar no colo da estrela em ascenção Thalía. Contrariando a opinião dos executivos da emissora Televisa, que a consideravam jovem demais e com uma imagem polêmica devido ao lançamento dos álbuns “Thalía” e “Mundo de Cristal”, em que trocou a imagem da menina inocente do grupo Timbiriche por a de uma femme fatale. Disposta a provar que poderia levar nas costas uma produção de grande alcance e visibilidade, a cantora foi morar em uma casa próxima aos estúdios da Televisa durante os meses de gravação da novela para se dedicar integralmente ao trabalho.
De mi familia me encargo yo
Na história tudo giraria em torno da personagem título, mas um elenco coadjuvante de prestígio era necessário. Principalmente porque Maria Mercedes representava o primeiro papel protagônico solo de Thalía, que anos antes ao lado de Adela Noriega, estrelou o sucesso “Quinceañera”. O mal e a inveja foram representados por Laura Zapata, irmã de Thalía, na pele da ambiciosa vilã Malvina Del Olmo. Arturo Peniche, como par romântico da protagonista, Carmen Salinas e os estreantes Fernando Colunga e Karla Alvarez também chamaram a atenção dos telespectadores. Sucesso absoluto em sua exibição no México, “Maria Mercedes” transformou Thalía em fenômeno nacional. Foi graças ao êxito da novela que ela fez as pazes com o sucesso e fez o público esquecer as polêmicas de seus dois primeiros álbuns solo.
A bilheteira no SBT
A novela chegou ao Brasil quatro anos depois de seu lançamento no México, para tapar o buraco da extinção da teledramaturgia regular do SBT. A trama, para os padrões brasileiros, absurda, com diálogos pontuados por exageros e figurinos e maquiagens cafonas chamou a atenção pelo tom bizarro e engraçado. Porém, com o passar das semanas a novela conquistou o público e surpreendeu o SBT com o sucesso inesperado de audiência.
Outros destaques curiosos da trama foram a vilã ruiva Mirian (Nicky Mondelini) que usava apenas um modelo de roupa: um vestido preto brilhante, acompanhado por luvas rosas (!) e a peruca, que parecia uma cahopa de abelhas, que a doce Maria Mercedes usava para esconder o cabelo real de Thalía. Que esbanjava carisma e talento – sim talento, porque para atuar em uma novela mexicana e não parecer ridículo tem que ter talento, garantiam o prazer de assistir a trama.
“Maria Mercedes” é a menos conhecida no Brasil das telenovelas que compõem a “Trilogia das Marias”, talvez por ser a mais antiga, brega e por ter sido reprisada apenas uma vez, em 1997. A média geral da primeira exibição da trama no país foi de 12 pontos, sucesso absoluto para o SBT na época e também pela inexistente divulgação por parte da emissora. Em 2007 foi produzida “Maria Esperança”, a quinta versão da história original de Inés Rodena. Protagonizada por Bárbara Paz, a novela foi um dos maiores fracassos do SBT no ano.
Após os elogios por “Quinceañera”, deixar o grupo Timbiriche e mudar a imagem como cantora solo, Thalía se reencontrou com o sucesso de “Maria Mercedes”, que lhe rendeu um prêmio TV y Novelas como melhor atriz em 1993. Para o público brasileiro é impossível esquecer a inocente e sonhadora bilheteira que apresentou para o grande público nacional a bela musa mexicana.
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